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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Me deixe em silêncio, pra que eu possa falar mais

Há dois lados marcantes do meu estar no mundo
De um lado a fluidez não estancada
O ideal vaidoso do sentir a tudo
O apaixonamento compulsoriamente profundo
Do outro a borda epidérmica
A covarde rendição à angústia da metade
As travas da retenção
Nenhum dos dois me parece saudável
O primeiro se alia a um suposto propósito
Desgastante
O segundo nomeia-se instinto sobrevivente
Desgastante
Confesso amor pelo principiante amador
Mas por vezes ele parece nado de pré afogado
Fadado não encontrar a si semelhantes
Ao contornante reservo menos afetuosidade
Sinto que pesa-me como tonelada nas costas
Mas sua precaução é melhor que a tolice
A fluidez não é totalmente possivel
Tendo-se corpo
Tendo-se atuações exigidas no mundo
Que vão além do pulsar da aorta
Há assuntos pendentes fora d'água
Burocráticos e imbecis
Mas necessários pra ser chamado de gente
Humano quer ser de razão
Até deixa pistas na famigerada matemática
Colocando razão e divisão como sinônimos
Tenta fechar a fenda
Esquecendo-se dela
E se a gente cutuca a fenda
Perde o direito de ser gente
E assim permaneço no impossível
Cada vez mais estrangeira
Principalmente dos que amo


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