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terça-feira, 22 de outubro de 2019

Dos meus movimentos bruscos

Não sou óbvia

Minha forma fluida
tem arestas pontiagudas
Tudo que há de macio em mim 
tem uma face áspera

Não sou o preto nem o cor de rosa
Quero a paz do azul
Não vendo minha alma pra ansiedade
Se ela me toma, me tomo de volta

Eu existo nos meandros de mim mesma
Marcada pelas fantasias 
da quais me divorciei
e pelo abismo de profundidade 
que nunca deixei de ser

( )

Contorno os cantos da minha mente
procurando meus esboços, meus desenhos preliminares
Contornos rascunhados em transe,
inacabados
reféns da minha memória prematura
Silhueta que contornei com os meus olhos
refratada através da minha lente embaçada
pra além de um contorno de lápis nos cílios
Contorno do chão da cena de crime
isolada, envolta num adesivo chamativo
com um alerta de mantenha distância
Contorno a situação
dou uma meia volta dançante
com uma confiança propositalmente convincente
Movendo meus contornos intocados
pra os limites dos que eu não toquei
ciente de que os contornos que eu abraçaria
não são somente sensoriais

domingo, 20 de outubro de 2019

Vertigem

No alto de uma escadaria que eu não subi
um sopro empurra o vácuo do meu peito
Balanço junto com a minha fragilidade empoeirada,
sinto hábitos em construção em mim
Minhas terminações nervosas pulsam
e meus músculos relaxam
A certeza de que sempre ficarei bem
curiosamente não me poupa do medo
Tento entrar em contato com a minha intuição,
achar meu ponto de equilíbrio
e o que sobra em mim é satisfação
Eu estava com saudade dos meus sentimentos