Não ouso cuspir textos óbvios
baseados em paixões de esquina
Réplicas dos mesmos papéis
Dos filmes e dos livros
Da minha confusão
só sei que é única
e real
Perseguição da minha sombra
fosca e inevitável
frequentadora da tabacaria
e de fé tortuosa
É sobre ser metade
e da ferrugem do osso
Discurso sobre como é a luz
do peixe abissal
domingo, 29 de março de 2020
sábado, 28 de março de 2020
Voz
Escrevo porque não gosto da minha voz.
A escrita tem tom escolhido,
possibilidade de alternar suavemente
entre a firmeza e a descontração
entre a calma e a catarse
Só gosto gosto da minha voz em sua quebra,
em sua ocasional rouquidão
na sua falha venusiana
na sua firmeza quando é pronúncia de uma especialidade
Mas seu titubeio rotineiro dá-me nos nervos
seu soletrar das ideias em construção
suas eternas pausas nas dúvidas
seu abafado durante as palavras de entretenimento
A gargalhada e o espirro que me invadem
como fosse atingida por um tiro
Todo escoar da minha retração,
a energia retida coloca em um minuto
uma frase que só caberia em cinco
Fugindo quilômetros do estereótipo da lentidão,
retrato do sedentarismo de um corpo
que sempre trabalhou numa velocidade descompassada da mente
Assinar:
Postagens (Atom)