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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Wonderwall

Hoje, tentando descrever meu amor
pensei numa maré constante dentro do peito
que me enche de frescor
Mas ele vai além desse pseudoconceito
mescla brisa leve
(essa que me interrompe por um segundo e faz com que eu flutue)
e um aconchego que aos meus dias se circunscreve

Nesse voo a memória que me vem dançando
é a cor que reflete ao redor de suas pupilas
e estas pulsando
Num expandir e retrair ritmado
de deixar qualquer ser hipnotizado
E a sensação de ver-te por dentro
toda delicadeza descoberta
de sua seriedade derretida num momento
como quando causo um sorriso desses de boca semiaberta
com algo que te agrada secretamente
pronunciado pela boca de cá, incerta

Inebriada, sinto a pureza desses dias
e tenho pra mim que nunca senti tanta alegria.


terça-feira, 25 de março de 2014

Contato

Manchada de poeira de estrelas, em azul
é a cavidade do seu peito contrário de ordinário
Sinto-me enfeitiçada a dar meus carinhos otários
e tomo de guia teu cruzeiro do sul
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Quero um dia te trazer flores mortais
na esperança de que a vida esvaída delas
se pinte em seus átrios como em renomadas telas
se eternizando como pinceladas tais
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Não estáticas e vintageando
mas mostrando-lhe sempre e sem porquê
que meus sentimentos crescem em Pg
Será o contrário do processo da flor se dando

Pausa para excesso de metáforas

Dois meses sem escrever e volto em prosa. Acho que fui acumulando subjetividades confusas e me pareceu tolo me decompor em palavras. É certo que o amar e suas consequências não cabem dentro dessa língua lógica, mas acho que já voltei a me lembrar do intervalo entre as palavras. Aquele onde o suspiro fica preso, ou onde faço ponte com quem me lê e vê meu corpo (de texto). É mais esbelta a poesia, principalmente quando tais curvas ritmizam com o que há em minha mente, por isso a uso pra amar e a prosa pra refletir. Fiz do meu buraco um reservatório pra minha felicidade líquida, ela se mexe mas não me escapa. Depois de me chegar assim tão cristalina não seria justo não dar-lhe um lugar confortável pra morar cá dentro. E agora quero escrever com a frequência em que respiro, pra comunicar a minha fonte de alegria que sinto meu laguinho perene tal como nunca esteve. Minhas fadigas cotidianas se afogaram mortalmente dentro dessas águas e esse amor recíproco, que pediu licença às poesias e deu as caras por aqui, está praticando nado e me contou um segredo: nada além dele importa.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Carta de síntese

Sempre tive dessas tendências dispersivas
de nunca completamente estar
em nenhum lugar
Visitando o limbo em vezes consecutivas
das quais teimava em voltar
Mas eis que num desembaraço
me vi frente a possibilidade
de ter o mundo nos braços
Sorrindo em peculiaridade
Fazendo-me pertencida
A um único lugar de ida

E fronte ao acaso não arbitrário
de nós ser sou ao contrário
o contra-rio e por fim escolho ser-te
E fazer de todo por ti um glossário
E fazer de minh'alma
anagrama de lama
sua cama
Tudo que é e será plausível de elogio
em personificação
Fazendo-me enrubescer de antemão
em qualquer singela demonstração
de afeto, derretimento ou conotação
Que tente simbolizar
o que minha razão desconhece
enquanto se abraseia e enobrece

E o tão perguntado porque
se dito parece ofensa
Pobre palavra que pensa
e é obliterada do sentir
Só aparenta ir e vir
perdida no próprio raio
Da explicação mero ensaio

Em minha'udácia cotidiana
de tentar dizer-lhes
seus detalhes
(dos sentimentos)
pelo que o verso emana
Aqui e acolá
meio que insana
Tento talvez citar
a calmaria de estar
e cumpliciar
o silêncio terno e simples
Da simetria confortável e transparente
de apenas se fazer presente
e do amor experimentar