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terça-feira, 25 de março de 2014

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Manchada de poeira de estrelas, em azul
é a cavidade do seu peito contrário de ordinário
Sinto-me enfeitiçada a dar meus carinhos otários
e tomo de guia teu cruzeiro do sul
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Quero um dia te trazer flores mortais
na esperança de que a vida esvaída delas
se pinte em seus átrios como em renomadas telas
se eternizando como pinceladas tais
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Não estáticas e vintageando
mas mostrando-lhe sempre e sem porquê
que meus sentimentos crescem em Pg
Será o contrário do processo da flor se dando

Pausa para excesso de metáforas

Dois meses sem escrever e volto em prosa. Acho que fui acumulando subjetividades confusas e me pareceu tolo me decompor em palavras. É certo que o amar e suas consequências não cabem dentro dessa língua lógica, mas acho que já voltei a me lembrar do intervalo entre as palavras. Aquele onde o suspiro fica preso, ou onde faço ponte com quem me lê e vê meu corpo (de texto). É mais esbelta a poesia, principalmente quando tais curvas ritmizam com o que há em minha mente, por isso a uso pra amar e a prosa pra refletir. Fiz do meu buraco um reservatório pra minha felicidade líquida, ela se mexe mas não me escapa. Depois de me chegar assim tão cristalina não seria justo não dar-lhe um lugar confortável pra morar cá dentro. E agora quero escrever com a frequência em que respiro, pra comunicar a minha fonte de alegria que sinto meu laguinho perene tal como nunca esteve. Minhas fadigas cotidianas se afogaram mortalmente dentro dessas águas e esse amor recíproco, que pediu licença às poesias e deu as caras por aqui, está praticando nado e me contou um segredo: nada além dele importa.