Páginas

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Carta de síntese

Sempre tive dessas tendências dispersivas
de nunca completamente estar
em nenhum lugar
Visitando o limbo em vezes consecutivas
das quais teimava em voltar
Mas eis que num desembaraço
me vi frente a possibilidade
de ter o mundo nos braços
Sorrindo em peculiaridade
Fazendo-me pertencida
A um único lugar de ida

E fronte ao acaso não arbitrário
de nós ser sou ao contrário
o contra-rio e por fim escolho ser-te
E fazer de todo por ti um glossário
E fazer de minh'alma
anagrama de lama
sua cama
Tudo que é e será plausível de elogio
em personificação
Fazendo-me enrubescer de antemão
em qualquer singela demonstração
de afeto, derretimento ou conotação
Que tente simbolizar
o que minha razão desconhece
enquanto se abraseia e enobrece

E o tão perguntado porque
se dito parece ofensa
Pobre palavra que pensa
e é obliterada do sentir
Só aparenta ir e vir
perdida no próprio raio
Da explicação mero ensaio

Em minha'udácia cotidiana
de tentar dizer-lhes
seus detalhes
(dos sentimentos)
pelo que o verso emana
Aqui e acolá
meio que insana
Tento talvez citar
a calmaria de estar
e cumpliciar
o silêncio terno e simples
Da simetria confortável e transparente
de apenas se fazer presente
e do amor experimentar