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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Latência

Presa que não preza ser presa
Pequeno ser extrapolado
Rude jamais odiado
E ainda, de fato, porta inocência

Desejo de aventura que proporciona tortura
Uma pulga compulsiva habita meu cérebro
Perguntas sem retórica, que não celebro
Cá dentro, lapsos de demência

Pássaro que gosta do conforto da minha mão
E na minha mente dedos são grades
E na sua mente... dedos? Apenas falsas verdades
Breve dia é aguardado, minha audiência

Pupila dilatada e voz macia
E é anulado o despertar do meu limbo, agora dominante
Estupidez emocional de um espírito errante
Bomba armada, fervência

Teoria freudiana comprovada
E falam-se as pontas dos dedos
Insuficiente, fala-se a língua, falam-se os medos
E a aparência leva a crer que tal autoindulgência
É constituinte de minha essência.
Paciência!

domingo, 26 de agosto de 2012

TIC TAC

O passar das horas é deus adolescente,
mandante belo e perverso
Ciente, porém sem remorso,
do mal que confere a seres demasiado pueris

Imponente, adentra ansiedades
Sanguessuga de frágeis hospedeiros
tira-lhes o vigor, a paciência, a vida

Ator invejável com figurino entorpecente,
porta sua máscara de cura,
oculta realidades ainda existentes
em teu cemitério de cadáveres mortos-vivos

Tutor desnaturado, que embala crianças
com a força da gravidade
Escritor sem criatividade fazendo fama
com feitos de erros didatas

Hegemonia diamantada
que dizima possibilidades autocratas
E desperta ódio naqueles que, como eu,
são enamorados pelo futuro

Aos seus pés o suspiro contemporâneo,
impotente e cancerígeno,
não passa de devaneios
a respeito de um protagonismo inverossímil.