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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Um pedaço do infinito # Parte 2

O que me prende não é coisa isolada
Mas junção de maravilhas
Cada canto de minh’alma encontrada
Como se pra ela achassem-se trilhas
É volta à infância entusiasmada
Com risada engasgada
E ponta de nariz ensaboada
Por mãos pequenas e levadas
É o despertar da intelectualidade
O prazer de aprender juntamente
Sobre universo e gente
E fazer do desconhecido uma saudade
É a permanência da doçura no enredo
O deixar-se desarmar por seu olhar reticente
Com infinitude na ponta dos dedos
E expressão de um viver transcendente
É a calmaria do vento
Que traz a brisa carinhosa
Enche o peito por um momento
E segue sua rotina em prosa

Ainda encontro em ti modos de ser
Que passam longe de me acometer
Os quais não irei completamente adotar
Mas são essenciais pra me complementar
De um lado um amor despreocupado
Do outro um desesperado
Comportamentos excessivamente simplificados
Ou demasiadamente complicados
E surgem nossas epopeias do balancear
Expandindo cada dia o significado de amar

O resultado de nossa soma
É uma não-matemática obra de arte
Beleza tal criada no entre
Que por si só não há em nenhuma das partes
Um alicerce de proteção incondicional
Uma segurança paradoxal
Onde cada uma pode ser aquilo que se é
E a outra vai estar de pé
Para amar a parceira como tal
E ainda florece uma esperança
Que poderia se chamar certeza
De levar até o fim da vida essa dança
Como uma criação da natureza

Mesmo nos dias mais lindos
Manhãs que acordam-me sozinha parecem imperdoáveis
Horas em vão indo e vindo
Que parecem desprovidas de verdade
Como um tempero indiano
Que dá um toque especial à comida
E em cuja ausência os gostos parecem engano
E aplicando para a vida
Ela se tornaria correnteza despropositada
Caso eu não mais pudesse dizer eu te amo.