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terça-feira, 19 de abril de 2016

Seja bem vinda

Acomode-se num canto qualquer
Pegue-se surpresa com seu conforto
De repente não queira escorrer
E olhe pra si de um modo meio torto
Com penosos questionamentos
Tampouco assumidos
Propositalmente desatentos
Filhos não paridos
Atravesse minhas pupilas
E sinta-se tonta
Monte inutilmente uma planilha
E não sinta-se pronta
Admire palavras cheias de ego
Finja não ver o que está por trás delas
Grite palavras de desapego
Critique o tédio das novelas
Então, entedie-se em minha simplicidade
Me conte sobre o quanto sou amável
E não saiba me amar
Enxergue em mim uma tolice afável
Por não jogar
Por fazer das palavras sim e não elas mesmas
E me defina a pessoa mais esma
Sinta saudades de um desafio
Que embace sua visão
Que cubra tudo com um vento frio
Que te poupe de usar tanto o coração
De vez em quando pense sobre conexão
Sempre com cuidados
Pra não lhe dedicar excessiva concentração
E permanecer jogando os dados
No fundo de sua alma
Saiba que tirar a pele é ser feliz
Mas desvie o olhar da própria palma
Deixe sempre a retirada por um triz
Torcendo pra que de alguma forma
Tudo mude perante sua inércia
Sem precisar reforma
Não olha pra tão baixo
É muito alto pra você se jogar
Esconde o que tá embaixo
Não deixa sangrar
Me deixa passar (?)

terça-feira, 12 de abril de 2016

Trouxa

          Sempre que eu ouço essa palavra acontecem dentro de mim (às vezes por fora também) algumas risadinhas. Lembro de Harry Potter e acho graça do fato de que faz mesmo algum sentido. Os trouxas são pessoas ordinárias, alheias ao mundo da magia, não sabem encantar. Não são bem dotados quando o assunto é inventar formas e mais formas de manipular o mundo (e os outros). Só sabem ser encantados, hipnotizados por um outro ser perigoso e portador de habilidades que o trouxa desconhece: o bruxo.
         O bruxo pouco sabe sobre o que é ficar encantado e quando percebe que o está arranja logo uma forma de se livrar da moléstia (muitas vezes com um contra-feitiço). Então, concluímos que ele pouco entende sobre estar à mercê, ele não se identifica com o sentimento do trouxa e percebe o seu universo como uma grande tolice.
         Portanto, conheceria o bruxo suas próprias fraquezas? Saberia ele lidar com elas? Teria ele conhecimento da sua mais recôndita ferida? E finalmente... saberia ele ser um trouxa? Isto é, ele sobreviveria no mundo trouxa? Talvez justamente por não saber tenham nascido com esse "dom" da bruxaria.