Páginas

domingo, 10 de novembro de 2013

Um pedaço do infinito

Queixava-me com a mão no queixo
Ocultando a face em face da falta de eixo
Dessa vida quixotesca em fato
Que espreita no quarto canto do quarto
Mesmo os preâmbulos cordiformes
Loucura minha ora vai ora vem
Colocada pelo real sob desdém
Caminho pouco a pouco
E então volto com um sopro
Como uma estrela cadente enrabichada de poeira
Olhando pra cima
Sem rima
Será sina?
Em face da languida face de estrela segunda
De um firmamento mais alto oriunda
Intergalática
No Aglomerado de Virgem
Na epopeia da abóbada do seu rosto
Me desamparo e sinto o gosto
Daquela triste vertigem
Essa pulsão vívida, cor de prata
Que não deixa morrer mas me mata
É um tipo diferente de escopofilia
Platônico-aristotélica filosofia
Vê dentro e fora, perto e longe
É mais urgente não sabe ser monge
Pobres das minhas mãos rasas
Lidando com seus sutis e inúmeros buracos
Ineficazes no juntar dos cacos
Dessas inefáveis lembranças com asas
O doce lapso do entrelaçar
Em contraste com o contato com o ar
Impossibilitada de pular linhas
Primeiro deságuo a alma
Depois quererei respirar ou ter calma
Lareira quente num dia nevoso
É o papel para o qual meu coração goteja nervoso
Na tinta quente e melada da caneta
Temendo as partes que dele partem
Já com endereço e não se repartem
Acima do seu limiar de aflição
Escapa de mim, despreparada
Não me permite fazer parada
Já não sou mais sua morada

Nenhum comentário:

Postar um comentário